a noite passada
a cama desarrumada
descoberta
roupas jogadas pelo chão
o apartamento vazio
a porta da sala destrancada
entreaberta
com um vento frio
penetrando pelo vão
a noite passada quase em claro
um cigarro queima no cinzeiro
as lembranças dos momentos
vão e voltam aos poucos
um sillencio sorrateiro
envolve o quarto
que ainda guarda nas paredes
os gritos roucos
o corpo doi por inteiro
cansado
e nem se dá conta
das marcas das unhas
de tanto desconforto
e sonha
ainda sente na boca
o gosto doce do beijo
ainda tem a flor da pele
restos de desejo
o olhar
agora mais calmo
se perde no fundo do espelho
o sono
os olhos vermelhos
tristes e confusos
se perguntam
se foi por amor
se foi por paixão
porque afinal
tanto abandono