Divagando.

Uma noite pensei: brincar com o tempo;

correr com o vento/ sem direção.

Pular sobre nuvens;

voar sobre mares

sem condição/ sem rumo e sem proza

sem direção.

Chegar num momento

no norte/ no sul

na vida/ na morte de lugar algum.

Gritar/ calar

andar livre sem ser alegre ou triste.

Caminhar na chuva/molhar a alma

a palma/ o pranto, sem obrigação de ser/ter

explicação.

Criar no infinito

riscos/ rabiscos

cristais e chuviscos

com gotas de chuva

pingos de arco- irís

nuvens de algodão.

Abrir a janela/ correr ao portão

chorar/ sorrir/ amar

sentir medo/ raiva/ prazer.

Amar como nunca

querer para sempre

cantar cores/ pintar sons

colher canções e serenatas.

Juntar cacos e recordações

fazer da vida uma ida, sem certeza de volta

( aliás assim é a vida).

Reunir fatos/ atos/ fotos

em uma colcha de retalhos

composta de cada emoção.

Guardar no porta retratos

o sorriso amarelado/ desbotado/embotado/ gasto

mas certeiro de provar/ saber/ crer

o quanto já foi feliz...

...um dia.

Márcia Barcelos.

15 de dezembro de 1991.

Márcia Barcelos
Enviado por Márcia Barcelos em 28/05/2010
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