Divagando.
Uma noite pensei: brincar com o tempo;
correr com o vento/ sem direção.
Pular sobre nuvens;
voar sobre mares
sem condição/ sem rumo e sem proza
sem direção.
Chegar num momento
no norte/ no sul
na vida/ na morte de lugar algum.
Gritar/ calar
andar livre sem ser alegre ou triste.
Caminhar na chuva/molhar a alma
a palma/ o pranto, sem obrigação de ser/ter
explicação.
Criar no infinito
riscos/ rabiscos
cristais e chuviscos
com gotas de chuva
pingos de arco- irís
nuvens de algodão.
Abrir a janela/ correr ao portão
chorar/ sorrir/ amar
sentir medo/ raiva/ prazer.
Amar como nunca
querer para sempre
cantar cores/ pintar sons
colher canções e serenatas.
Juntar cacos e recordações
fazer da vida uma ida, sem certeza de volta
( aliás assim é a vida).
Reunir fatos/ atos/ fotos
em uma colcha de retalhos
composta de cada emoção.
Guardar no porta retratos
o sorriso amarelado/ desbotado/embotado/ gasto
mas certeiro de provar/ saber/ crer
o quanto já foi feliz...
...um dia.
Márcia Barcelos.
15 de dezembro de 1991.