METRÔ

De repente passou um metrô.

Ah! o metrô...

Tinha dentro dele homens, mulheres e outros bichos humanos!

Todos eles tinham sede de novo,

e de novo tudo aconteceu...

O ciclo, a batida, o repente:

de repente, de repente...

Ex-nihillo este casulo que é o passado,

este encosto que é o casulo:

duro, duro, duro!

De repente passou um metrô.

O que destroçou completa mente,

todo pensamento conformado, pleno, fechado.

De repente aqueles bichos humanos

saíram da caixa de metal

por através da qual só se viam suas cinturas.

Afinal, eram altos demais,

evoluídos, e a cada gemido eu tomava idéia

da magnitude de suas virtudes,

e do quanto gozavam da vida...

De repente, assim, nenhum em especial

conquistou o meu coração...

Nenhum deles era o cavaleiro

e estavam dentro de seu cavalo branco avagoado...

Tão vão. Vagões.

Não um só, mas todos os bichos humanos

roubaram meus dois corações...

De repente, de repente

na cidade da Bahia de São Salvador,

o passado significativo foi quebrado,

não por ter sido atropelado,

e sim por ter morrido de inanição

com trilha longa e dura da canção

que rege a construção de nosso metrô.

Andrié Silva
Enviado por Andrié Silva em 27/05/2010
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