METRÔ
De repente passou um metrô.
Ah! o metrô...
Tinha dentro dele homens, mulheres e outros bichos humanos!
Todos eles tinham sede de novo,
e de novo tudo aconteceu...
O ciclo, a batida, o repente:
de repente, de repente...
Ex-nihillo este casulo que é o passado,
este encosto que é o casulo:
duro, duro, duro!
De repente passou um metrô.
O que destroçou completa mente,
todo pensamento conformado, pleno, fechado.
De repente aqueles bichos humanos
saíram da caixa de metal
por através da qual só se viam suas cinturas.
Afinal, eram altos demais,
evoluídos, e a cada gemido eu tomava idéia
da magnitude de suas virtudes,
e do quanto gozavam da vida...
De repente, assim, nenhum em especial
conquistou o meu coração...
Nenhum deles era o cavaleiro
e estavam dentro de seu cavalo branco avagoado...
Tão vão. Vagões.
Não um só, mas todos os bichos humanos
roubaram meus dois corações...
De repente, de repente
na cidade da Bahia de São Salvador,
o passado significativo foi quebrado,
não por ter sido atropelado,
e sim por ter morrido de inanição
com trilha longa e dura da canção
que rege a construção de nosso metrô.