A PORTA

A VIDA é uma porta de entrar

A saída, como fuga, é o mar

que entre seus ventres acolhe

vários braços a chorar

tão necessário quanto ao Nilo

que ao seu derramar dá a vida.

Desta feita, embaixo do Sol

que a tudo vê a seu tempo

enquanto segue o seu curso:

Ao ano, divide os dias;

nos dias, repousa o sono.

Ao sono passeia a luz.

Da vida, a porta encerra

o frágil cair da cortina.

É tão leve que não atina

o leve roçar do vento.

O vento que nas manhãs de outono

arranca as folhas das telhas.

E, depois da porta

perde-se o cheiro do mato:

verde e virgem.

Perde-se o sabor da fresca fruta:

virgem e pura.

Chora-se na tristeza de chegar:

rara e abrupta.

Pensa-se mil momentos.

Traça-se mil façanhas.

Lembra-se um lembrar.

Se nem isso for a contento,

constrói-se uma nova porta.

21-07-1991

Wagner Marim
Enviado por Wagner Marim em 27/05/2010
Reeditado em 27/05/2010
Código do texto: T2283754
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