Escrever é preciso.

Escrever um verso é como gerar um filho;

como transportar-se para o futuro...

É perpetuar seus gens,

para que um dia alguém lhe descubra.

Quem não tem um filho...

anseia por um

ou, simplesmente, se diz indiferente.

Mas, lá no fundo

sente uma lacuna...

Ah! Isto sente.

Faz parte da natureza humana.

Quem nunca escreveu uma linha

pode passar pela vida...

como página em branco,

como Homem sem filho.

Mas,

quem arrisca o primeiro verso

se condena a inspiração...

que se torna cada vez mais exigente,

fazendo de seu interlocutor,

pessoa presente...

no cotidiano do homem;

nos dogmas da vida,

nas coisas do coração...

e, quer queira, quer não,

é um criador.

E como tal...

responsável por sua obra,

cuja obrigação se torna

levar avante o sopro da vida

que como um grão de areia

pode até se perder...

mas estará sempre neste universo

mesmo que arrastado por tempestades.

Por isso, escrever é preciso...

para perpetuar a história

que transformará este grão de areia

em pedra sedimentada...

e mesmo que isso leve milhões de anos,

trará junto consigo,

tanto seus momentos de tristeza,

como seus momentos de glória.

Ah! isto é incontestável;

faz parte da vida.

Anélio "Rodrigo Di Freitas"