UÍNA

Euna Britto de Oliveira

www.euna.com.br

Uína, menina de sonho...

Não sabemos o que vem no vento.

Poeira, saúde, saudade,

Restos de fogueiras, rastros de abelhas,

Radioatividade...

Não sabemos o que o vento traz.

Avisos, perguntas, imagens,

Palavras de outros tempos, de outros cantos,

Sons de cachoeiras,

Feitiços, enguiços,

Chamados, choro de passistas,

Chuviscos...

Atávica, baiana-mineira, minha família, bagagem brasileira.

Volto de qualquer país

Sem nada.

Montada apenas no leve pano da bandeira

Recostada num raio de sol

Rastreando o último discurso

Proferido no mundo,

Meu preferido,

O que não vou taquigrafar...

Que coisa boa é voltar

Do trabalho

Mais cedo

Hoje

Pra casa!

A frente fria chega e me encontra vazia.

Vícios seculares me espreitam.

Deita-se

Sozinho

Atrás das montanhas,

Dando “tchau” às nuvens,

O sol!

Certos moribundos são os fregueses dos bordéis de outrora...

Os marimbondos, os bondes,

Os futuros convites para o vôo e o gol...

Sinto vontade de andar descalça...

As coisas escorregam lentamente

pela vida

E pela fronte

dessa gente...

O menino que nasceu dia 1º do ano

Mostra o 1º dente!

Creio em Deus.

Em quem mais

Eu poderia crer

Tão tranqüila,

Tão serena,

Tão segura,

Tão completamente?

Euna Britto de Oliveira
Enviado por Euna Britto de Oliveira em 29/08/2006
Código do texto: T228261