O APITO DO TREM

Que vontade de voltar de novo
Ao tempo de criança
À minha cidade
Quando o trem passava
Tinha eu pouca idade
Fazia questão e abanava
Ouvia o seu apito
Junto com abano um grito
E o maquinista me via
E dava outro apito
O seu horário eu sabia
Queria eu saber
Como com a queima da lenha
Que o foguista tinha de fazer
Porque ele rápido se empenha
E aquilo funcionava
Quando ela queimava
E ainda digo
Para os pais
Aquilo era perigo
Para seus filhos
Você não vai mais
Perto dos trilhos
Não esqueço a estação
Com sua ampla plataforma
Com apito na mão
Alguém informa
O trem vai partir
Enquanto lentamente desliza
Eu sentado com ela
Minha mãe avisa
Para dali não sair
A estação já está longe
Os prédios matas e campos
Vejo da janela
Os seus encantos
Agora a vista é bela
É só esperar a próxima estação
Não sei quanto tempo
A farofa bate-me no rosto
Com o doce vento
Não choro eu
Mas me dá pena
Hoje é museu
Tem até galena


Foto obtida na antiga estação de trem de Bagé, exatamente no guichê onde, há 50 anos atrás, eu ali estava com minha mãe.
Valter Jorge Schaffel
Enviado por Valter Jorge Schaffel em 29/08/2006
Reeditado em 28/07/2007
Código do texto: T228201