INVENTÁRIO
Exóticas fantasias, caóticas, não guardei,
outras tantas, são relíquias, algumas eu inventei,
prolixos poemas legarei para um juíz,
que entre normas e leis,lhes dê um final feliz
E prá aquela prima linda,
tão puta, tão meretriz,
deixarei os meus pecados
e até àqueles que não fiz.
Legarei sorte e pertences ,
aos meus amados filhotes,
o mais lindo Por do Sol
junto à beirada do mar,
sanga funda, lindo mato,
um Portinari bem bonito ,
e engessadas idéias,
em livro jamais escrito:
"Encarnações de um Proscrito".
E deixarei/ sem testar, mentiras,
sonhos de amor,
(quem deles se aproximar
vai suar sustos de horror)
e carinhos, e orgasmos,
e arroubos de bem querer.
Mas, se quiserem cobrar,
- à partir deste momento ,
cemeçarei a inventar.-
Do livro : MORDENDO A LÍNGUA / Marilene Garcia