O fagotista do rei

Meu violoncelo já não canta.

Nem meu estilete desenha mais em meu corpo

aqueles símbolos extravagantes.

Fico aqui, transformado em caixa,

numa casa de mudança.

Enquanto do outro lado do mundo,

alguém sacou de um fagote.

A música me faz morrer

me faz ter dores em lugares estranhos

me faz ter sonhos sanguinários,

porque uma nota solta entre um espaço e outro

me diz que nunca estarei lá.