Goteira no Teto.
Conheci um menino que me (re)ensinou a sorrir e a ver a vida com os óculos coloridos da incansável esperança.
Conheci um menino que me mostrou que chorar vale á pena quando é por alguma razão justa e plausível.
Conheci um momento de paz e de sonhar, onde o avesso da vida parecia nunca poder chegar, nem bem devagar/ divagando,devagarando...
...simulando uma paz.
Convivi com um menino de olhar vibrante, sorriso cativante, brincadeiras marotas, momentos de fraqueza/ franqueza/ dúvidas.
Convivi com um menino que quando da/na noite deixava-se confundir nela/ com ela, em sua suave magia e doce mistério, em sua paz agitada. Viola enluarada ou não.
Amei um menino que de tão menino se assustou com meu amor. Se encantou com o sol/ lua/estrelas/imensidão.
Menino que soube me fazer feliz/ sofredora, com a firmeza da realidade das coissas mais paradoxais da própria vida e com a visão do que sintetiza todos os tempos em alguns momentos de alegria.
Mais o laço partiu, ficando o afeto puro que não vacila, se tropeça com toda certeza não se deixa cair e se cai nunca se quebra. A lembrança do que poderia ter sido e nunca haverá como saber como teria sido. Seria?
Conheci um menino meio criança, meio homem, meio sol e meia estação/ canção.
Não dá para arranjar melhor definição, não dá para entender de outra maneira, a vida é meio confusa, mesclada/ camuflada com momentos inusitados e outros inesperados.
Chegar e partir se confunde no ato/ verbo/ fato, como duas línguas no beijo de amor...
... como goteira no teto.
Márcia Barcelos.
17 de março de 1992.