MAUS TEMPOS
MAUS TEMPOS
® Lílian Maial
Escurece em mim.
Apaga-se o brilho dos olhos
e o rasgo suave do sorriso.
E cai a chuva,
um lamento pelas dores todas,
por esta saudade de polpa
que teve a casca arrancada.
E o tempo se fecha,
como o coração,
desconfortável com outras promessas,
como a boca,
inadequada de outros beijos,
como o cais,
onde atracam barcos que nunca a ali pertenceram.
Entristece em mim
a brincadeira de ser feliz,
a ilusão de algo eterno.
E tão efêmera sou,
quanto letras que ora me brotam
[ervas daninhas]
sementes de dor,
que prefiro enterrar
[e não queimar],
para que germinem mais tarde,
escondidas,
feridas de lembranças.
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