Pai, você é moderno
Você é um crioulo absoluto
É do campo, é matuto
Eu sou moleque relativo
Sou urbano, e passivo
Você conhece os matos
E desbrava os fatos
Eu perco ônibus
E me perder é um ônus
Você tem bigode
E quase tudo pode
Eu tenho barba rala
E falhada é minha fala
Sempre estás com a razão
Pela fé fecha a mão
Eu não, abro o peito
Eu já declaro o meu defeito
Papai acredita na veja
E sabe bem o que almeja
Eu acredito no absurdo
E de repente eu surto
Papai estudou fundamental
Mas sabe a força do mentol
Eu sou pós-graduando em
psicologia, e não estou me sentindo muito bem.
Papai deve ter a explicação
Ele tem a razão,
Eu o sentimento
De não ter nem ganha-pão