SE EU FOSSE UM PADRE...

Se eu fosse um padre

MÁRIO QUINTANA

(Nariz de vidro. São Paulo: Moderna, 1984. p. 44)

Se eu fosse um padre, eu, nos meus sermões,

não falaria em Deus nem no Pecado

— muito menos no Anjo Rebelado

e os encantos das suas seduções,

não citaria santos e profetas:

nada das suas celestiais promessas

ou das suas terríveis maldições...

Se eu fosse um padre eu citaria os poetas,

Rezaria seus versos, os mais belos,

desses que desde a infância me embalaram

quem me dera que alguns fossem meus!

Porque a poesia purifica a alma

...e um belo poema — ainda que de Deus se aparte —

um belo poema sempre leva a Deus!

MIRAH
Enviado por MIRAH em 24/05/2010
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