O Cego e o espelho.
A frente do espelho,
em pé e em silêncio,
tentando tocar o reflexo da sua face:o cego.
Triste como a escuridão que toma seus olhos,
ele ajoelha,
e diante do espelho chora.
chora por não poder enxergar sua face,
refletida,
ver a dor da ferida que a escuridão tenta esconder
mas que corroe o peito.
O cego grita...
Mas não espera ser ouvido,
se sente sozinho
Somente com a solidão, o frio, a escuridão.
Geladas as suas mãos
contornam sua face
tentando sentir a sua moldura.
O brilho após o pranto que escorre,
O sentimento de vida surgindo,
A dor sendo extraida,
e após mais um momento de silêncio,
um breve riso.
Ao sentir a sua face
O calor de outras mãos,
Ocultando o frio da solidão,
trazendo a vida em meio a escuridão.