Lutando contra as correntes
A vida deveria ser apenas prazer.
Não deveria haver tanta luta.
Pois que lutar cansa e se a vida é luta, eu não quero me cansar.
Mas, por mais que eu queira, não consigo: acabo me cansando.
Nas garras do sofrimento, causados pela injustiça, lá vou eu: mergulhando num mundo sem coração.
Nas garras da desigualdade, da violência e da miséria, lá vou eu: seguindo por caminhos e rumos que não escolhi.
Falo de coisas, reproduzo valores, dito palavras; as quais não me foram dadas, mais impostas.
Eu vivo mergulhado nas garras da repressão.
A vida deveria ser liberdade, mas ficamos preso a padrões de normalidade.
Nos prendem com falsos modelos, falsas promessas, falsa moralidade.
Nos prendem em laços firmes e bem amarrados: nos forçam a ser o que não queremos ser.
Eis que estamos todos presos, companheiros!
Estamos presos sobre os grilhões da tal civilidade.
Pois, que a cidadania é apenas um sonho, um desejo.
Temos que lutar contra tudo: contra esse mundo sujo e imundo.
Temos que lutar hoje, amanhã e sempre.
Mas, pera aí, em que hora poderemos deixar de lutar e começarmos a viver?
Pois que lutar é necessário, para arrumarmos melhor as coisas dessa vida.
Mas, lutar cansa e se a vida é luta, eu não quero me cansar jamais.
Pois, que para nos livrarmos de nossas correntes é preciso lutarmos contra o cansaço.
É preciso arrancarmos força do fundo de nossa alma.
É preciso mergulhamos em novas águas.
É preciso desbravarmos novos caminhos.
Pois, que se a vida é luta e se lutar cansa, eu não quero me cansar jamais.