Lembranças
LEMBRANÇAS
“Amanha vamos pra casa da vovó”
Essa era a deixa
Com que “dona Cidinha”,
Na época, ainda mamãe
Nos informava que sairíamos
Do mundo, para nós irreal
Das quatro paredes de nossa casa
Do ir e vir à escola
Dos programas todos
Que toda criança cumpre
Sem saber direito o porquê deles.
“Amanha vamos pra casa da vovó”
Essa era a senha
Que permitia o sonhar
Dos sonhos mais prazerosos
Por meio dela podíamos
Eu mais irmã, irmão
E um “monte” de primos e primas
Invadir o mundo bom,
Criado por nós e validado
Pelo “vô Gerardo e vó Ester”
Ali em Ilicinea... nosso paraíso.
Mundo da Jack, da Aline, do Mario Lucio.
Onde o sonho prazeroso se materializava
A hora não passava, a noite não chegava
E, quando chegava era... bom demais da conta
Mundo feito na medida certinha
Pro Jaime, pra Janice e o Joni
Onde a mesa era farta
Onde o abraço vinha sempre forte
Acompanhado de um beijo “estalado”
Mundo diferente e melhor
Mais humano e cheio de calor... de vida
Mundo no qual a Denise, a Deliane
Bem como a Dayse e Denilson
Esqueciam as avenidas “malucas” de BH
A casa por sobre outra casa
E, juntos, nós todos podíamos e sem pudor
Andar descalços e sem se preocupar
Se a roupa ou o calçado, lá no fim do dia
Estaria manchada pelos repetidos respingos
Da laranja “rasgada”, da manga escorrida
pelos vãos dos dedos e... como é bom isso
ou mesmo da lama, na qual rolávamos
em um dia qualquer de chuva
“Amanha vamos pra casa da vovó
Cuidado com os animais
Deixem os cavalos em paz
Cuidado com a porteira”
Assim “dona Cidinha” e
Quase com certeza “tia Ziza” e “Tia Dade”
Nos davam as coordenadas, mas... que nada
Era o nosso mundo, era o nosso tempo, a nossa hora
Os animais eram o nosso encanto
Andar a cavalo, sentir a força do mesmo
O gostoso de seu trote, de seu galope
Ver o mundo sentado sobre um cavalo
Ainda hoje é uma sensação indescritível
E nós amávamos isso demais.
“vô Gerardo” dizia vez ou outra
“Ester esses menino me mata os cavalo”
“Esses menino me quebra a porteira”
Tenho comigo porem que
“vô Gerardo” queria mesmo é que quebrássemos as coisas
E o seu prazer fosse talvez ate maior que o nosso.
“Amanha vamos para a casa da vovó
Vão dormir, a gente sai cedo amanha”
E... nós fomos
Para a casa da vovó e do vovô
Fomos para o nosso mundo
Ali vivemos momentos... únicos