Maldito
De tempos em tempos ele vem
Vem e exibe suas armas
Chega sempre ou quase sempre
Sem um aviso prévio
(por vezes se faz anunciar)
Rompe as barreiras e se instala
Aos poucos e lentamente
Toma posição e, dela
Dispara suas bombas
Quase sempre letais
(de algumas por vezes se escapa)
Aos poucos se agiganta
Estende seus tentáculos pra aqui e ali
Aumenta de forma indelével seu raio de ação
Fere os ossos, dilacera os músculos, sangra a pele
Como todo gigante é forte
É devastador e é impiedoso e, como todo gigante
Traz consigo o medo
Que provoca a lagrima
Derivada da dor
(por vezes da perda)
Enfrenta-lo não é fácil
(nunca é fácil).
É sorrateiro esse gigante
E por vezes nos afronta
Levando quem amamos
Machucando quem amamos
Fazendo sofrer quem amamos...
... De tempos em tempos
Esse “maldito” tem me afrontado
Lá atraz invadiu, machucou
Fez sofrer e por fim levou
Minha amada filha primeira
De outra feita se aproximou
Cercou, atacou sem piedade
Provocou dores, cansaço
Transtornou por um tempo
A pele sedosa e harmoniosa
De minha amada mãe.
Esse “maldito” tem me afrontado
Tem aberto “brechas”
No cerco amoroso de proteção
Que circunda os meus queridos
Num passado recente achegou-se
De forma rompedora e cruel
Atingindo minha amada “tia” Neusa
Levando dela parte de si
Parte preciosa de si
Foi sofrida, penosa e cansativa
Foi uma briga longa e enfadonha
Briga que minha amada venceu
Saiu machucada, vitoriosa porém
Por meio dessas brechas abertas
Nesse cerco amoroso de proteção
Traiçoeiramente tem feito estragos
Também no corpo de uma muito amada irmã
Irmã essa tão forte, tão guerreira, tão resistente
Tem encarado o “maldito”, olhado no seu olho feio
E dito em alto e bom som
“Trago inerente à certeza da vitória”
Por essa mesma brecha aberta, soube
Visitou novamente minha amada tia Neusa que
Assim como minha amada mãe venceu
Minha amada irmã vem vencendo
Vencerá também e novamente
Esse “maldito” cognominado
Câncer... câncer