Nós e o Rio

Nós e o Rio

Somos águas derramadas

Em gotas quase num fio

Na sina já pré traçada

De nos transformar em rio

Seremos regatos ou rios

Tímidos córregos ou riachos

Cumprindo ou não desafios

No duro leito dos embaraços

Ao cair na terra, do Espaço

Sulcando o chão prá correr

Fazemos na vida o traço

Torto ou reto de viver

Ser cachoeira ou riacho

Depende de se querer

De como deixar o rastro

Na forma que quiser ter

Na estória de cada rio

Tem a hora d’água corrente

Ser barulho de cachoeira

Quando vira adolescente

Bem confusa se contorce

Em labirinto esquisito

Procura na terra a sorte

De um céu de luz infinito!

No curso vai aprendendo

Na solidão que ameaça

Quando outra água correndo

Vem ao encontro e o abraça

E eis que juntas as águas

No leito do mesmo rio

Fazem tanta algazarra

Por dias e noites a fio

Brilhante volume cresce

De águas rolando em cânticos

Até a lua esmaece

Com tal idílio romântico

Surgem flores ás suas margens

Pássaros em cânticos mil

Sorri toda paisagem

No manso embalo do rio...

Desde o encontro das águas

Muitos dias correram

De tanta felicidade

Outros afluentes nasceram

Juntos tiveram tempo

P’rá lição que aprendiam

Murmúrio e pressentimento

Do lugar p’rá aonde iam

Pois como o rio corre o tempo

Diz o vento a cochichar

Na comparação e exemplo

Que o rio sempre dá

Que o homem é rio menino

Em eterno caminhar

Sempre cresce, e seu destino

É sempre correr pro Mar!

Marilú, l3 agosto l999.

Marilu Santana
Enviado por Marilu Santana em 07/06/2005
Reeditado em 07/06/2005
Código do texto: T22737