A Gregório de Matos

Lendo Gregório de Matos,

Aprendi uma boa lição.

Compreendi que há ligação —

Entre o mangue e o mar. Oblatos

Desordeiros com aparatos

No combate às grandes guerras;

Os fariseus querem as terras,

P’ra oprimir os delinquentes,

Que nunca estarão contentes,

Por viverem em grandes serras.

Sobrevivem em grandes morros,

Os que ainda são de cor!...

Mas onde estará o amor

De uma nação sem socorro,

Que trata tal qual cachorro,

Os que defendem sua pátria?

Vão morrendo como párias,

E deixando um mar de lama

Secar sob o chão de grama,

E uma cruz por sua diária.

Mãe gentil... Oh! Pátria amada!

Quanto ouro há de perder

Nas transações do poder,

No abismo de luta armada,

Em tratados de tomadas,

Onde ruge o Rei Leão... —

E toda a devassidão

Nas emaranhadas cortes —

Que embolsam os cofres-fortes

P’ra cambada na esplanada!?

Caro Gregório de Matos:

Os vis que o apedrejaram

Co’a indiferença, mamaram

O fel dos marechalatos,

Que zombavam dos mulatos,

Prostrados no tronco a ferro;

Ao longe se ouviam os berros...

E o chicote que estalava!...

Usavam também uma clava —

Por apreço aos baronatos!

Pacco
Enviado por Pacco em 22/05/2010
Reeditado em 06/10/2011
Código do texto: T2273134
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