Menino de Engenho

A moenda a cana triturava

A garapa doce jazia

Em melado fervia

N’água pingava puxa-puxa virava.

Ao ponto na bancada espalhava

Depois de dividida rapadura virava

O resto no tacho o menino

Com espátula raspava

E aproveitava até o que não mais prestava.

A água secou, o engenho acabou

O Senhor de tédio morreu

O canto do galo parou,

Os pássaros em revoada partiram

O menino franzino insistiu, mas não venceu.

A ciência avançou; a tecnologia a vida

Engrandeceu, o pai tão jovem morreu

E até hoje a causa ninguém conheceu.

Ô Deus, quem fui, quem sou depois do temporal?

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 22/05/2010
Reeditado em 28/05/2010
Código do texto: T2271715
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