Menino de Engenho
A moenda a cana triturava
A garapa doce jazia
Em melado fervia
N’água pingava puxa-puxa virava.
Ao ponto na bancada espalhava
Depois de dividida rapadura virava
O resto no tacho o menino
Com espátula raspava
E aproveitava até o que não mais prestava.
A água secou, o engenho acabou
O Senhor de tédio morreu
O canto do galo parou,
Os pássaros em revoada partiram
O menino franzino insistiu, mas não venceu.
A ciência avançou; a tecnologia a vida
Engrandeceu, o pai tão jovem morreu
E até hoje a causa ninguém conheceu.
Ô Deus, quem fui, quem sou depois do temporal?