a vida é tesão e plágio
o filho de mim são genes desarticulados
e o caos é a morada de cada girino meu
a janela do ônibus é videogame sem lógica
a mágica é minha disfunção
o meu filho é meu grito surdo
é meu desejo de ser pedra ou árvore
os mil loucos que me habitam
hão de conferir-me alguma sabedoria
o portal dos meus amores parece estar fechado pra balanço
e o vento balança o portão com corrente e cadeado
vou pintar minha casa de vermelho sangue
vou coagular meu edredom e meu sêmen
vou matar minhas saudades com balas de festim
vou jogar a chave do cofre na boca do vulcão
entregar meu corpo ao acaso, como um delator
a dança dos papagaios zumbis me capturou
arrancar meu falo e meu falar
respirar, caminhar, copiar, copiar...
não...
eu não sou presa fácil
eu sou dado a ressurreições
caminho forte na fumaça dos dias.