Vida de índio
Minha oca tá ôca
na boca do mato
Eu não mato meu bicho
Na boca do lixo
E o meu curumim
Que já ta meio assim
Tem escola na vila
Ensinar maravilhas,
Aprender trabalhar,
Recomprar minha terra
Mas sem toque de gerra.
Adestrar e cuspir
Minha alma xinfrim,
De tupi guarani,
De tupã, de Jaci
E Araci que eu nem vi.
Aprender mastigar
Sem poder engolir,,
Aprender vomitar
Só depois de apertar
Sua mão sem querer.
A dar conta de contas,
De contar piadinhas,
Degustar o desgosto
Do imposto sem gosto,
Só fazê o tal do bem
Nunca olhar mais aquém,
Não comer mais ninguém,
Por o bicho na sal,
E o cocar no varal,
Isso não ser normal.