Poeta e Poesia

O que seria de nós sem o POETA, sem a doce poesia,

Os versos que no universo criam o alimento de cada dia.

O que seria de nós sem a musicalidade das palavras,

A doce melodia que nos purifica da alma o infinito.

O que seria, meu Deus, de nós sem o POETA, se quando

Nos sentimos aflitos são suas palavras que nos aquietam.

O que seria de nós sem o POETA se numa noite sem sono

Em pleno abandono feito um cão sem dono não pudesse

Ladrar seu doce pensamento.

O que seria de nós se não houvesse o POETA, a poesia em seu ritmo

Acelerado que jazia em cada olhar hermético do transeunte

No meio da multidão, o que seria de nós sem os seus devaneios

Desvairados sonhando acordado com dias melhores.

O que seria de nós sem o POETA chamando de amor seu nome

Para acordar o mundo. Amor na essência perfeita

Da palavra, da ponte que corta o riacho, das arvores que enfeitam

A paisagem, do pássaro que gorjeia no serrado, do lobisomem

Que nos deixa assustado, da verdade que tem ônus pesados

Na hora da decisão.

Se isto fosse uma reclamação, fosse uma sugestão a resposta estaria

Na ponta da língua dos mais entendidos, mas é como a mulher

Que deixa o marido, não há explicação, vai embora, porque agora

Há emancipação.

A verdade seja dita, o poeta escreve a palavra mais bonita

Para o amor encontrar solução, vai tecendo, tecendo

Como a linha no tear, tentando tornar papável a abstração.

Doce poesia, do poeta a mania, ao tentar lavar a alma e reciclar

O lixo espalhado pelo chão e adorando os lírios do campo se parece

Com um santo, mas na verdade não passa de um homem também

Durão quando se busca a sobrevivência

Pede socorro quando em apuros, piedade quando quer juras

E liberdade a vários amores. Transforma o horror em beleza

E com tal destreza continua sonhador. O que seria, poeta,

Se eu não fosse de tuas palavras merecedor?

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 28/08/2006
Reeditado em 28/08/2006
Código do texto: T226965
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