Poeta e Poesia
O que seria de nós sem o POETA, sem a doce poesia,
Os versos que no universo criam o alimento de cada dia.
O que seria de nós sem a musicalidade das palavras,
A doce melodia que nos purifica da alma o infinito.
O que seria, meu Deus, de nós sem o POETA, se quando
Nos sentimos aflitos são suas palavras que nos aquietam.
O que seria de nós sem o POETA se numa noite sem sono
Em pleno abandono feito um cão sem dono não pudesse
Ladrar seu doce pensamento.
O que seria de nós se não houvesse o POETA, a poesia em seu ritmo
Acelerado que jazia em cada olhar hermético do transeunte
No meio da multidão, o que seria de nós sem os seus devaneios
Desvairados sonhando acordado com dias melhores.
O que seria de nós sem o POETA chamando de amor seu nome
Para acordar o mundo. Amor na essência perfeita
Da palavra, da ponte que corta o riacho, das arvores que enfeitam
A paisagem, do pássaro que gorjeia no serrado, do lobisomem
Que nos deixa assustado, da verdade que tem ônus pesados
Na hora da decisão.
Se isto fosse uma reclamação, fosse uma sugestão a resposta estaria
Na ponta da língua dos mais entendidos, mas é como a mulher
Que deixa o marido, não há explicação, vai embora, porque agora
Há emancipação.
A verdade seja dita, o poeta escreve a palavra mais bonita
Para o amor encontrar solução, vai tecendo, tecendo
Como a linha no tear, tentando tornar papável a abstração.
Doce poesia, do poeta a mania, ao tentar lavar a alma e reciclar
O lixo espalhado pelo chão e adorando os lírios do campo se parece
Com um santo, mas na verdade não passa de um homem também
Durão quando se busca a sobrevivência
Pede socorro quando em apuros, piedade quando quer juras
E liberdade a vários amores. Transforma o horror em beleza
E com tal destreza continua sonhador. O que seria, poeta,
Se eu não fosse de tuas palavras merecedor?