CRUELA

Assim ao acaso, pousei noutros ninhos,
esperto chupim, deles fiz o meu lar.
Criei meus filhotes, sem nenhum trabalho;
quebrei o meu galho, fiz crescer a prole.

Não é nada mole criar filho alheio,
mas nunca receio e consigo meu tento.
E vão meus rebentos crescendo saudáveis,
sou sábia coruja; olho os meus filhotinhos...

Nasci passarinho, mas vivo folgada
e até dou risada do tal tico-tico,
pois o pobrezinho tem parca visão.

Seu bom coração me socorre no apuro,
mantendo seguro meu ovo estrangeiro,
que marca presença nesse ninho raso.



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