RELAÇÃO

Largada em maca fria, noite sombria, na periferia

Embalada em vento, ventre sempre em desalento

Brutificada em dor, em mais alta escala horrorizou

Aplicou-se oxitocina, mofina enevoada em neblina

Dor pertinaz a incomodar, mente rente em surdina

Dedos contraídos, crispados, em lágrimas derretidas

Veias estreitadas, a amargar o pulsar no pé da barriga

Olhar malogrado, sonhador, humor aquoso, pegadiço

Dor infame, parto natural, casual, modelo alucinante

Extensa contração, urros e gemidos: bramido animal

Mal avultou, todo períneo lacerou, num rasgo bestial

Restou exaustão, tresloucando o pensar, apavorante!

Resgatada da montanha, viu a ventura desmoronar

Lancetado sem alívio, em costume russo foi expulso

Combalido, nem bem aportou, retornou ao além-mar

Leva um passado sem pai, inglório, mãe sem futuro

RAbreu
Enviado por RAbreu em 19/05/2010
Código do texto: T2265723