RELAÇÃO
Largada em maca fria, noite sombria, na periferia
Embalada em vento, ventre sempre em desalento
Brutificada em dor, em mais alta escala horrorizou
Aplicou-se oxitocina, mofina enevoada em neblina
Dor pertinaz a incomodar, mente rente em surdina
Dedos contraídos, crispados, em lágrimas derretidas
Veias estreitadas, a amargar o pulsar no pé da barriga
Olhar malogrado, sonhador, humor aquoso, pegadiço
Dor infame, parto natural, casual, modelo alucinante
Extensa contração, urros e gemidos: bramido animal
Mal avultou, todo períneo lacerou, num rasgo bestial
Restou exaustão, tresloucando o pensar, apavorante!
Resgatada da montanha, viu a ventura desmoronar
Lancetado sem alívio, em costume russo foi expulso
Combalido, nem bem aportou, retornou ao além-mar
Leva um passado sem pai, inglório, mãe sem futuro