Mulher do Brasil
Vestido azul gasto,
filhos no colo pouco amado,
olhar sumindo, seio tanto mamado.
Mas, ela não joga fora a miséria!
Quando nova um príncipe branco,
falou-lhe com lábios tremendo,
parecia ser coisa séria,
e num abraço, gemendo,
foi feito um Zé.
Mas, ela não joga fora a miséria!
Quando mula, um operário mulato,
falou-lhe com beiços bebendo,
trazia até doença venérea,
e numa briga fervendo,
foi feito outro Zé.
Mas, ela não joga fora a miséria!
Vestido azul gasto,
filhos nos seios esgotados,
colo rasgado, olhar apagado.