Cor Rubra

Hoje foi um dia

bem feliz,

destes prá guardar no coração.

Fiz dele um pedaço de pó

e o assoprei pro melhor

que tem o fim do mundo.

Nessa não entro mais.

Não sou ferro de bater,

nem carne de apanhar.

De bom grado fiz isso

pois mais nada me restava,

estava entre duas avenidas:

uma ia prá cá,

outra lá.

Não sou informativo,

não tenho limites,

não tenho urgência.

Apenas cometi uma

infração gravíssima -

dizem os homens -

fui amar a mulher errada.

Mulher de primeira classe.

Confiei nela meu corpo

confiei minhas palavras;

até me confinei nas minhas erratas.

Pois foi assim.

num dia sóbrio

descobri o bolero

do nada mais.

Bela e meiga, era ela,

mais cheia de simpatias e

carências pelo próximo.

E quando descobri

que o próximo não era bem eu,

fugi com minhas malas

prá mais alta montanha de

El Sítio - cidade

bem mexicana -

que só abriga

os desaventurados do amor.

Mas que amor?

Fui crisma e santuário

mas nunca no colo dela sentei

pois dizia ela - tinha pavor.

E se numa mulher

você nao descobre a saia,

vai descobrir a cor rubra

de ser traído

por toda rua.

José Kappel
Enviado por José Kappel em 27/08/2006
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