Cor Rubra
Hoje foi um dia
bem feliz,
destes prá guardar no coração.
Fiz dele um pedaço de pó
e o assoprei pro melhor
que tem o fim do mundo.
Nessa não entro mais.
Não sou ferro de bater,
nem carne de apanhar.
De bom grado fiz isso
pois mais nada me restava,
estava entre duas avenidas:
uma ia prá cá,
outra lá.
Não sou informativo,
não tenho limites,
não tenho urgência.
Apenas cometi uma
infração gravíssima -
dizem os homens -
fui amar a mulher errada.
Mulher de primeira classe.
Confiei nela meu corpo
confiei minhas palavras;
até me confinei nas minhas erratas.
Pois foi assim.
num dia sóbrio
descobri o bolero
do nada mais.
Bela e meiga, era ela,
mais cheia de simpatias e
carências pelo próximo.
E quando descobri
que o próximo não era bem eu,
fugi com minhas malas
prá mais alta montanha de
El Sítio - cidade
bem mexicana -
que só abriga
os desaventurados do amor.
Mas que amor?
Fui crisma e santuário
mas nunca no colo dela sentei
pois dizia ela - tinha pavor.
E se numa mulher
você nao descobre a saia,
vai descobrir a cor rubra
de ser traído
por toda rua.