Houve um tempo em que acreditei...
Houve um dia em que não se fez noite
Sob a lona do circo, o riso torto
Dos anjos me convidando a voar.

Houve um tempo em que meus dedos
deslizavam maestros sobre as teclas do piano
que Deus ocultou entre as nuvens...
E as estrelas, naquele tempo,
tilintavam como moedas de cristal.

Meu olhar varava distâncias
e eu nem pensava na importância
da fé cega, do jogo, bem e mal.

O que faço agora é esticar as pernas
arrotar minha insatisfação...
Revolvem-se minhas entranhas
não me sobram mais dedos na mão.

Houve um tempo
em que o tempo não havia...
Toda esta doença, esta hipocrisia
Vou me embora pra Bahia!