OLHAR METAFÓRICO
Quando os olhos no espelho
não reconhecem o próprio rosto;
quando o rosto de quem vê
já é desconhecido,
quanta coisa deve ter havido
para o olhar ficar assim.
Quantas perguntas surgem nessa hora
e quanta história se passou,
quantos medos,
quantas guerras
foram feitas no olhar interior.
E quando os olhos de quem vê,
já não se reconhecendo,
quanta luta, nessa hora,
continua acontecendo.
Olhar a sí mesmo no espelho
e reconhecer-se no olhar
é o gesto maior que o amor
pode nos ensinar.
Por isso que é bom os olhos,
sendo o "espelho da alma",
em paz e com toda a calma,
noutro olhar possa se ver.
É vendo o próprio reflexo
no brilho de outro olhar
que nossos olhos se acalmam
e começam a se encontrar.
E nesse encontro divino,
os olhos do ser, se vendo,
vão mudando seus destinos
e passam a enxergar
a luz que habita os seres
e reaprendem o que é amar.