Leitura Cigana
Uma vez ofertei-lhe as mãos
Para que lesse as minhas desventuras,
Nas linhas diagnosticou um seriado de aventuras
Que deixou em êxtase o meu coração.
De um passado quase esquecido
Navegou em reminiscências reprimidas,
Eram fatos de minha vida antiga
Que já não estavam na memória comigo.
Fez alusões à minha existência presente
Elucidando em mim a ausência de carinho,
O amor mergulhava em novos caminhos
E isso configurava em mim uma criatura carente.
Sobre o futuro deu um tido no escuro
Revivendo outra vez o seriado de aventuras,
Nas linhas das mãos prosseguia a leitura
E confirmava o diagnóstico de sentimentos inseguros.
Era uma senhora com ares de dama
Que lia fatos com mensurada emoção,
Suas palavras enfeitavam de alegorias o meu coração
E eu respondia com inusitado respeito a leitura cigana!