Poema para um Amor - XIV
Há um mistério vívido
Revelando em meu olhar
Gestos só por ti conhecidos
Habita-me uma noite de estrelas
Se me descobres em tua voz
E silencio flagrada pela vida
A dizer-me que anseio toda ela assim
Não é miragem o arrepio
Que te sussurra em minha pele
Nem o contorno do teu desejo
A confessar-se em minhas mãos
Deito os olhos sobre o azul
Nesta hora tardia e lânguida
Em que apenas tuas palavras
Percorrem-me todos os sentidos
Insinuas-te em meu pensamento
E fantasio-te na linguagem inequívoca
E docemente atrevida de dizer-me tua
E mesmo antes de seres abraço
Meu corpo acolhe as tuas vontades
Tantas vezes mansamente pronunciadas
Em silêncios disfarçando verdades
© Fernanda Guimarães