Aquela sombra perambulando pela rua
Aquela figura tropeçando em lembranças
Aquele espectro cambaleando em tristeza
Sou eu...

Aquele poço fundo de esquecimentos
Aquela poça de mágoas ressentidas
Aquele antro onde habitam sofrimentos
Sou eu...

Aquela palavra infame que se cala
Aquele grito que já não mais ecoa
Aquela poesia que agora silencia
Sou eu...

Aquela esperança que tomba morta
Aquela tristeza que entra pela porta
Aquela beleza que escapa pela janela
Sou eu...

Aquela distância nunca percorrida
Aqueles escombros de castelos encantados
Aquele cemitério de amores esquecidos
Sou eu...

Aquele olhar perdido no horizonte
Aquele corpo caindo do alto da ponte
Aquele vazio restando no fundo da alma
Sou eu...

Aquele rosto ainda perdido no espelho
Aquele pensamento hesitante que se perde
Aquele poema que por distração se perdeu
Sou eu...

Aquilo que resta no fim de todas as coisas
Aquele que fica para juntar infinitos cacos
Aquele que sozinho chora o que se perdeu
Sou eu...

Aquele que sabe que o sol não vai nascer
Aquele que não espera mais amanhecer
Aquele que sonhou dias melhores que não viveu
Sou eu...

Aquele que vela na noite por um adeus
Aquele que vara a madrugada em desespero
Aquele que te ama no profundo vazio
Sou eu...

Aquela força diante do agudo fio da espada
Aquela inquietação bem diante do nada
Aquela luz que lá no fim se apaga
Sou eu...

Aquela emoção que é vendida bem barata
Aquele sentimento que o sentimento mata
Aquele coração enterrado no meio da mata
Sou eu...

Aquela paixão que era um fogo que ardia
Aquela alegria que era viver todo dia
Aquele amor morrendo nem bem nascia
Sou eu...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 16/05/2010
Reeditado em 08/08/2021
Código do texto: T2259874
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