Beira de Cais

Bandeira no cais
Navio chegando
Marinheiro a vista
Mulher se ajeitando

Tem agua de cheiro
Vestido de chita
carmim para os lábios
Cabelos com fitas

Na beira do cais
Elas acenam e se insinuam
Que venham amores
As esperanças se incluem

Carinhos pequenos
Juras infames
Marinheiro sequioso
A noitada é divertida

Pega sua escolhida
Faz promessa, diz que sim
Ela aceita, acredita
Se entrega assim

Arranca seus laços de fita
Arranca seus sonhos também
Deixa no peito feridas
Deixa saudades também

Os amores obscenos
Com odor de conhaque
Assim que o dia amanhece
Continuam sendo ninguém

Se ouve o apito
Navio ja vai embora
Marinheiro vai com ele
Mais uma mulher que chora.


Sônia Rêgo
11/04/2010.