Descanso da morte
Vem, trazendo êxtase.
Da volúpia da vida,
Às ultimas gotas de suor.
Seus cabelos, lânguidos,
À escorrer pelo corpo.
Também se deita sobre o leito
Frio do algoz
Envolve, seduz,
Destrona, conduz...
Os transforma em presas
De seus próprios delírios.
Num mundo onde a vida é servida em fatias,
Você é a lembrança de que o bolo acaba.
Um simples beijo, o cessar do sofrimento.
A tua presença é o pavor dos estéreis,
É o bálsamo dos suspirosos...
É o desatar dos nós
É a companhia dos sós
A merecida cura dos leprosos...
Assim como tu fechas as cortinas de todos os palcos,
Derrama tua veste sobre meus olhos exaustos,
Enquanto faz os corpos desbotar,
Para que do meu peito irrompam insípidos vermes
E o majestoso descanso encontrar...
(escrito em 2001)