ETIMOLOGIA
Lílian Maial
 

 
O sussurro do vento
frágil bálsamo da morte
como um étimo
atravessando a noite.

A palavra projeta-se no silêncio
da pedra

um gorjeio mouco
um gesto parco.


E a morte paira sobre a chaga
numa despedida sincera

de pegadas de fogo.

O verbo incinerado calcina a veia

onde o sonho coagulado
trombosa a manhã.

Nas cinzas do verso
há a nesga de quietude.
Um pálido sol esquadrinha o depois,

a vida e o tempo.

Não! Não há paz na morte e na calmaria.
O beijo cálido da palavra é vida
e a vida é sina de raiz

e semente.

O alumbramento se dá no ventre da poesia
fecundo direito

doutrina de origens
parto.


A paz beira a loucura
da hora e da pedra.

 
Carece o hoje de inferno e grito.
 
A palavra salta da garganta para o eco
na aridez do cacto
à procura de seu lugar.
 
 
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