GIRASSOL
Tal qual passarinho, vivo penando, sozinho, voando até fatigar
Resignado, sem o alimento diário, atordoado, a todos amaldiçoei
E os rebentos em casa, famintos, esperançosos, ávidos a esperar
Cabisbaixo, mãos abanando, enfastiado, ao meu ninho regressei
Silêncio sombrio, dor sem perdão, razão em fuga, a me penitenciar
Travado, no quarto quadrado, em redemoinho, o abismo, adentrei
Encafuado, em solo alagadiço fiquei a circular, alheado, ainda a girar
Andei em charcos e mangues, ainda a chafurdar, foi quando estanquei
O olhar perdido, fixo, antecipando o furacão, fervilhando a planear
Célere, os espirais ficam a girar, vibrando em todos os pontos vitais
E como previ, dorido, meus chakras não desembocam no plexo solar
Com essa certeza, fiz girar o sol, revendo todos os meus ancestrais
E me pego a pensar, matutando, buscando de imediato, enérgica solução
E como tudo é hostil, em busca da sorte, semente de girassol eu plantei
Desabotoou simbolizando o milênio, rebentos nutridos, futuro da nação
Avivado, fitando o sol, faustoso, captando a pujança que sempre imaginei