[Meu Coração em Passos de Lã]
Pedaços de carne frita
que eu parto e reparto,
lentamente, lentamente...
Tomate maduro, sal e óleo;
uma cerveja quase gelada,
e o pensamento fixo na morte:
estou almoçando em paz!
O relógio da cozinha
cadencia a sua marcha
em passadas de lã...
E assim, a vida se esvai,
de perda em perda,
de soluço em soluço,
inexorável, macia, lenta...
Nada, a não ser estes versos,
dá noticia de que meu coração
ainda bate... como o relógio:
em passos de lã!
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[Penas do Desterro, 26 de agosto de 2006]