Cansei de ti, Poesia
Palavras sangram
Quando saem
E quando entram
Como adagas no peito
Que sangram versos
Vai ser assim, Poesia
Vai arder mais um poema
Que eu nunca escreveria
Para deixar sepultado
Bem dentro do peito
E que nem foi pensado
Já ao nascer foi desfeito
E imperfeito como seria
Tudo que tenho sonhado
Por ti, Poesia, por ti
Que eu tenho esse lado
Esse lado de lá do espelho
Em que não me vejo
Nem percebo que seria
Aquele lado que não me vê
Mas me traduz em poesia
Cansei de ti, Poesia
Não me vês calado?
Não me deixas sozinho?
Larga-me aqui deitado
Larga-me em meu caminho
Eu morri de ter sonhado
Poder viver só um pouquinho
Agora eu não tenho nada
Só, talvez, este desvario
E perder-me na estrada
Em nada eu me alivio
Gritas alegre de madrugada
E em prantos eu silencio
Cansei de ti, Poesia
Nessa vida por um fio
 
Mas fica comigo ainda mais esta noite
Vê? Já vai entrando a madrugada
Lá do outro lado do espelho
Dá-me mais este desvario...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 14/05/2010
Reeditado em 08/08/2021
Código do texto: T2256868
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