REVOLTA
Já não lhe cabia no peito,
na alma não lhe cabia,
a revolta que estrugia
como louca tempestade
que, sonora e violenta,
dardejava qual tormenta
em meio à bonança da tarde.
Vozes roucas, ventania,
cresciam cortando o espaço.
Sons de gritos, sons aflitos,
corpos negros em desespero,
corpos rijos como aço:
mais duros que o aço: guerreiros.
Chia o ferro - grita o negro!
Grilhões pesados quebrados...
medo acabou, meu senhor!
Toma na mão o chicote,
faz-se o dono... é o mais forte,
não teme a morte ou a dor
Nesse dia de vingança
nasceu, junto, a esperança.