SAFIRA

Acordei macia e tudo estava azul

Sem fila ou transtorno no pedágio

No asilo, um louco compôs um blues

Divina melodia, sem risco de contágio

O encontrei radiante, risonho e ofegante

Contou-me em detalhes, riscos do safári

De todo trajeto em cima do arisco elefante

O mimo: uma brilhante e estonteante safira

Em límpida fluorescência, como nosso amor

Pedra bruta, ainda tosca, em ponto de lapidação

Adornada em puro ouro, transmutada em pingente

Pendente, no peito ardente, a consolidar nossa paixão

Alentados, a beira mar, depois de tudo explanado

Aconcheguei-me, resguardada, em sabê-lo refúgio

Vulcão que somos em olhares, corpos amalgamados

Desejo implícito, preservado, pronto a entrar em erupção

RAbreu
Enviado por RAbreu em 14/05/2010
Reeditado em 14/05/2010
Código do texto: T2256093