SAFIRA
Acordei macia e tudo estava azul
Sem fila ou transtorno no pedágio
No asilo, um louco compôs um blues
Divina melodia, sem risco de contágio
O encontrei radiante, risonho e ofegante
Contou-me em detalhes, riscos do safári
De todo trajeto em cima do arisco elefante
O mimo: uma brilhante e estonteante safira
Em límpida fluorescência, como nosso amor
Pedra bruta, ainda tosca, em ponto de lapidação
Adornada em puro ouro, transmutada em pingente
Pendente, no peito ardente, a consolidar nossa paixão
Alentados, a beira mar, depois de tudo explanado
Aconcheguei-me, resguardada, em sabê-lo refúgio
Vulcão que somos em olhares, corpos amalgamados
Desejo implícito, preservado, pronto a entrar em erupção