ALFORRIA

Foi num dia azul de maio,

não era tarde nem cedo

nem houve, sequer, ensaio...

Um verso fugiu do degredo.

Feito raio, raiou albedo,

na solidão da escravidão.

Ficou segredo. Escondido,

livre de qualquer enredo,

deixou-se quedo.

E outro veio...e outro veio...

Sem alardeio ou receio,

em passaredo.

Romperam as algemas

d’ anestesia dos sentimentos

por momentos de poesia.

Foi assim minha alforria:

nem tarde nem cedo,

tornei-me aedo

num dia azul de maio.

Lina Meirelles

Rio, 13.05.10

(para o Forum - Poesia on line - mote: ABOLIÇÃO)