As letras

Símbolos que se juntam,

Palavras que se formam

Nomes que se fixam.

Frases que se cunham.

Amorosas,

Elas nos induzem ao romantismo,

Nos envolve e nos provoca

A querer de todos,

Mais carinho, mais compreensão,

E, por que não,

Mais paixão,

Mais libidinosidade e lirismo.

Compreensivas,

Assediam a bondade,

Juntam-se em harmonia.

Consideram os contrários,

Refazendo pactos,

Relembrando fatos,

Numa ode a alegria.

Julgadoras,

Condenam culpados,

Absorvem réus.

Encaminham alguns

Aos infernos.

Libertam outros,

Rumo aos céus.

Tristes,

Provocam lágrimas,

Ofuscam caminhos.

Fazem do passado,

Um túmulo.

Do futuro,

Uma ousadia.

Provocantes,

Sem imposição de vontades,

Rompem os umbrais,

Assombram os pacatos,

Instigam os incautos,

E, se instalam,

Como se fossem bondades.

Contestadoras,

Aceitam o normal,

como momento.

O anormal,

Como circunstância,

E no choque das duas,

Uma forma de descobrir o novo.

Científicas,

Adotam o que está posto,

Como motivo para novas descobertas.

Rebelam-se contra o trivial e,

Nele,

Aporta os desejos para um mundo novo.

Pacientes,

Descrevem sobre o outro,

Aquilo que ele próprio desconhece.

Quebram lanças indomadas,

Lançadas por quem

Abandonou a sensatez,

Como motivo.

Pueris,

Alegram os dias de quem começa,

Refrescam os pensamentos dos inocentes.

Ao tempo em que,

Mostram para os mais sábios,

Que o mundo não pára,

E que elas continuam.

Sábias,

Ensinam os caminhos da subida,

Mas,

Mostram os limites,

Que evitam a derrocada.

Seguir as letras,

Pode ser uma procura,

Pode ser um simples prazer,

Ou, em resumo,

Uma maneira de se encontrar

Caminhos que nos levem

A cultivar os motivos

Que nos façam,

Mais humanos

E mais felizes,

Enquanto vidas temos.

Rui Azevedo – 12.05.2010