Amigos,

compromissos com o meu trabalho durante o dia e Escola de Magistratura à noite, têm-me impossibilitado de estar aqui com mais frequência. Neste ínterin em que o tempo me é exíguo, aqui vai um "vale a pena ver de novo".  Estou de bem com Deus, de bem com a vida. E amando muito. Abraço
.


                 
TRÊS EM UM

    
         I

PÉROLA DA AMÉRICA

Aos meus compatriotas, especialmente aos poetas negros.



Da terra virgem, solo fecundante
Brotou o grão verde, pérola da América
Que as mãos dos negros na nação homérica
Bravas se ergueram no Brasil gigante.

Utópico penhor, sonho distante,
Castro Alves viu sua ilusão quimérica
Buscando a liberdade. E em volta esférica
Colombo abriu a América triunfante.

E a brava gente do afro-continente
Portinari pintou pra eternidade
Mostrando o grão precioso como é.

Na tela o negro afro-descendente
De que Zumbi se fez identidade
Como este negro lavrando o café.


*
Imagem: O lavrador de Café, de Cândido Portinari.

                  II


VENEZA TROPICAL


Anderson Nascimento, depois de saber que você é natural de Recife,
esta reedição é pra você, que tanto me prestigia.



A Rua do Sol dourou minh' alma
Que a Rua da Aurora perdida
Me deu o Marco Zero da vida.

Pontes de Boa Vista
Safenam meu peito em tropical Veneza
Devaneio gôndolas no Capibaribe.
Candeias luzem faróis em meus sonhos
Com os olhos de Piedade
Minha gota d’água bebe o Beberibe.

Dos Anjos ( o Augusto)
E Bandeira me acenam pro horizonte
Onde o sol finda mais cedo
Onde aponta a ponte
Buarque de Macedo.

Os sinos dobram ao vento
Quando a tarde finda
No alto de Olinda
No Mosteiro de São Bento.

Ali Castro Alves,
Ali Tobias
Respiravam poesias
E o primeiro curso de Direito.
Dali se dista a paisagem
Vê-se o Recife
De que tudo em mim ficou um pouco.

Retorno.
E ao vê-lo do alto,
Lembro também Tambaú
Ponta do Seixas
(Paraíba, não me deixas!)
Entre o céu e o mar
Sobrevoando a miragem
Penso e digo
BOA VIAGEM!

O poema acima eu o fiz em setembro de 2009, quando visitei Recife e por ela me encantei.
     
          
III



GRÃOS

Cato os grãos da vida, sobras do tempo.
Borra dos sonhos, bordas do mundo.
Sopro as migalhas sobre a mesa
O alguidar transborda o lume
A lâmina afiada a me ferir o lábio gume,
Sangue, sal e seiva salivando vozes
Nos porões de minh’alma, lá no fundo...
Onde  a vida repousa, lívida, presa
Apenas a este frágil fio de lembrança
Solta ao sopro do meu ser
Em grãos divididos.





LordHermilioWerther
Enviado por LordHermilioWerther em 13/05/2010
Reeditado em 07/06/2010
Código do texto: T2254294
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