Solenes Sinos
Ouvi o tempo dizer pelo solene sino
Que a vida estabiliza os nossos momentos
Como badaladas num crepúsculo descontínuo
Como manhãs, tardes, noites múltiplas, um afino
Demarcando no ar o vivido, o inapto sonorizado
Um espaço de vida que cabe o ouvir e o falar
Que massacra e atenua, pedaços inteiros de vidas
Histórias de corpos e almas, únicas numa torre alta
Amenizando o ar, pelo amor imponderável de sempre
Irretratável como é, indescritivelmente pálido ou rubro
Frágil eternamente, inacabado invariavelmente,
Construção crônica no tempo eterno de dois.