Morte Absoluta
Chorando sobre o corpo
Como quem padece de dor,
Véu negro no rosto
Na mão um terço e uma flor
Lamenta a perda tristemente
Sem nem conhecer o senhor.
Carpideiras fingidas
Mentem pra quem?
Se o morto sabia
Que ninguém viria
Chorar sua ida ao além?
Acaso as lágrimas
Vazias de solidão e saudade
Escondem uma vida insana
Materialista, sem humildade?
Talvez tivesse o defunto
Todas as lágrimas do mundo
Quando fez sofrer os que o amavam
Aqueles que uma mão estendida esperaram
E por desprezo, sucumbiram a desesperança...
A única tristeza que vejo
Naquele corpo sobre a mesa
É uma alma que parte
Sem deixar saudade...
Chorem carpideiras!
Tenham piedade desse ser!
Poucos são os que choram,
Apenas os inocentes
E antes mesmo que a terra o receba,
Estará esquecido e enterrado para sempre.