Nem ave, nem Alfa, nem Ómega
Amanhã existirei como sempre
existi e serei como
sempre fui.
Como a ave que sempre fugiu
do Outono, do Inverno
da gota desta chuva,
do vento frio da manhã
da noite com gelo.
Existimos e somos
semelhantes, parecidos
iguais na respiração
ofegante como quem corre,
o corpo suado dos amantes
que se tocam
querem
aceitam.
Serei como um alfa um ómega,
um corpo que comprime
que controla um espaço,
um fim, um final, uma existência,
serei sempre a ave que voa,
procura, encontra,
sem medo do relâmpago, tufão, onda,
vento,
vendo tudo em redor, mesmo formiga, barata
que existem, se escondem, trepam, enterram,
na terra húmida, no húmus.
Existirei como existo como sou,
nada mais,
nem ave,
nem alfa,
nem ómega,
muito menos formiga
ou barata,
respirarei.