Vem
Vem só pra mim, meu bem.
Vem macia, vem pequena,
toda mimo faça-se presente.
Mostruário de todo encanto
que embevecido vou e bebo.
Vem assim, desse jeito exato
para que a veja aqui brincar,
como se eu não velasse,
com o meu muito cuidar,
o presente que recebo.
Vem como fruta madura,
que aguarda a colheita,
ansiosa, já vermelha
e que terminará manjar
só dos passarinhos.
Vem, em ondas de luz
pra mim aqui e agora,
sendo doce relembrança.
Esquecido que estou,
hoje, de que essas mãos
tocam, que meus lábios
beijam e que os corpos
nasceram para o abraço.
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