Grito e contenção...
Não mais palavras redondas,
achatadas nos topos,
roliças,
tipicamente obesas...
Não mais ideias soturnas
com gumes nas pontas
e silícios de dor
a esquartejar o pensamento...
Não mais imagens sibilinas,
de sorrisos ou lágrimas,
antecipando a festa
ou marcando a dor...
Não mais poemas com nós
górdios e rodriguinhos
nas palavras gastas,
a pedir dicionário para ler
nas entrelinhas...
Não mais colunas jónias
ou volutas manuelinas
no cordame das gaivotas,
que nos levam ao sonho...
Somente o horizonte límpido
e a loucura das palavras
nascidas das entranhas
da silente enxurrada
das ideias e dos sonhos!
Ainda que apeteça o grito,
atenho-me ao silêncio
para saborear a dor
e a aurora!
Depois de cada palavra..
Apesar de tantas ideias!
Em 10.Mai.2010, pelas 22h15
PC