Camaleônica!
Sou abstrata e sem procedência,
Volúvel, volátil em minha emoção.
Tempestuosa, voluntariosa...Como chuva de verão,
Codinome? Camaleão!
Suscetível porém, a essas transformações.
Meu coração tem construção em cima de destroços,
Construções em cima de sonhos mortos...
Sou tão frágil no meu entardecer,
Afogo minhas cores num mar de ilusões,
Alento? A certeza do perene nascer do sol,
E com ele, o começo de uma nova história
Recomeço de uma nova trajetória...
Sou etérea como as cores, a vida das flores,
Que enfeitam a primavera,
E se refugiam de estação em estação,
E se adaptam as condições só pelo prazer de enfeitar,
De dar vida, alimentar...
Em tons que vão e vem, vem e vão...
Assim espalho meus sorrisos, minhas lágrimas,
Vestígios de mim,
Marcas deixadas, em linhas sublimadas,
Na esperança de ser resgatada
Da masmorra de minha solidão...Ser amada!
Abstrata e sem procedência...
Pois do nada comecei minha contagem.
E no vácuo, levanto meus alicerces...
Desprotegidos, sujeitos aos ventos que sopram,
E me arremessam contra as procelas da vida.
E me vejo enfim, num arquipélago chamado eu,
Naufraga de minha derrotas,
Que me lambem o rosto num eterno acariciar do mar...
Em seu movimento de ir e vir.
E meu olhar se prende ao longe,
Num tom de azul quase indecente de tão lindo!
Um horizonte sorridente e distante,
Se insinua mandando mensagem na brisa,
Que diz aos meus ouvidos atentos:
__Quero ser teu amante, vêem se lance!__
E o desejo de unir-me ao oceano,
Ganha proporções e domina minha emoção...
Tento atirar-me nas águas ternas e convidativas,
E me sinto engolfada pelo continente,
Que num abraço de aço,
Impedi meu mergulho no sonho.
E a verdade da terra me diz,
Que meu respirar é por pulmões...
E não quer ver-me asfixiada por ilusões.
Gaia, chorando me enlaça, num apelo materno, fraterno...
E me deixo prender as algemas das convenções.
Minha alma pulsante protesta: __Não quero amar tão igual!__
Quero meus beijos soltos no ar...
Pois se o mar, ama a praia e vai e sempre vem...
E seu meu amor é eterno, como um momento sincero...
__É tão difícil romper paradigmas!__
Não aprendi a sonhar sem arriscar,
E mesmo consciente da fatalidade do fato,
Me lanço num voou com asas coladas com cera,
Na direção do horizonte, sendo amante do oceano, em busca do sol...
Revestida com a armadura da poesia,
Translúcida e confiante no sentimento,
Alimentando-me de sonhos,
De olhos fechados,
Pois se os abro,
Me descubro nua e vazia...Sozinha...