poemas transversais 7
são poucos e batem
no vidro nas calhas
são aves e vozes
velozes
se desfazem
depois que caem
deixam no ar
e nas pedras
um gosto forte
resinoso
adocicado
de saudade
ouço na chuva espessa
o sol invisível
que anima seres
e coisas
ouço
no próprio fogo
que se devora
as cinzas eternas
semente de estrelas
poeira de galáxias
ouço no silencio absoluto
o verbo
anterior ao inicio
já não ouço mais
nada
lado-a-lado
ladeira abaixo
enluarado
luminarmente
a lamina o laço
o ledo engano
acidamente
dissolvo magoas e fantasmas
com palavras pontiagudas
dissolvo-me cáustico sem anestesia
no meio dos ossos
sobram resíduos
cinzas
e um grão de verdade
eu era só
-por dentro-
amor
e não sabia