poemas transversais 7

são poucos e batem

no vidro nas calhas

são aves e vozes

velozes

se desfazem

depois que caem

deixam no ar

e nas pedras

um gosto forte

resinoso

adocicado

de saudade

ouço na chuva espessa

o sol invisível

que anima seres

e coisas

ouço

no próprio fogo

que se devora

as cinzas eternas

semente de estrelas

poeira de galáxias

ouço no silencio absoluto

o verbo

anterior ao inicio

já não ouço mais

nada

lado-a-lado

ladeira abaixo

enluarado

luminarmente

a lamina o laço

o ledo engano

acidamente

dissolvo magoas e fantasmas

com palavras pontiagudas

dissolvo-me cáustico sem anestesia

no meio dos ossos

sobram resíduos

cinzas

e um grão de verdade

eu era só

-por dentro-

amor

e não sabia

Francisco Zebral
Enviado por Francisco Zebral em 10/05/2010
Reeditado em 03/06/2013
Código do texto: T2247965
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